quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Conversando...

Estava eu no meu habitual local de trabalho, quando se ouve:

(...)

A.E. - Da maneira que isto anda, com o lobby gay a entrar por todo lado, qualquer dia vamos ao bar de mãos dadas.

J.M. - Havias de ver no outro dia, vi duas gajas no bar a comerem-se...

A.E. - E não foste lá para o meio?

J.M. - Ai, que vontade! Não percebo como há gajos gays! Lésbicas entende-se, agora gays.

A.E - Cada um faz o que quer com o seu cu...

J.M. - É que gays metem-me mesmo nojo! Não é preconceito, mas eu que não tenha de ver.

(...)

Falta aqui uma descrição de uma super-hiper-mega bixona, mas isso não vale a pena escrever. Enfim, querem que os direitos LGBT sejam legislados quando ainda se pensa assim...não será dar um passo maior que perna? Sinceramente, antes das leis, mentalidades...e nisso a comunidade homossexual tem muita culpa

10 comentários:

  1. Posso tentar desenvolver uma conversa civilizada?

    Concordo contigo quando dizes que a comunidade homossexual tem culpas no cartório (e se calhar não são tão poucas quanto isso), mas podias fundamentar a tua opinião?

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  2. Claro que sim! A ideia era dar o mote para conversar.:)

    Quando me refiro a culpas, refiro-me sobretudo ao facto de demasiada gente ficar armariada à espera de que as coisas se resolvam e entretanto queixam-se de tudo. Como por exemplo, existe uma Marcha LGBT, em que vão meia dúzia de gatos pingados. Cria-se uma oportunidade de dizer"sim, nós estamos aqui e existimos", e qual é o resultado? Está tudo em casa a preparar-se para ir para noite ao Sá da Bandeira, que isso sim é ser gay e é luta pelos mesmos direitos sendo "diferente". Peço desculpa por meter toda agente no mesmo saco, pois sei perfeitamnete que há muitos riscos associados à diferença, quer a nivel pessoal ou profissional. Mas, onde eu queria chegar é ao facto de que a comunidade LGBT deveria mostrar-se mais no dia-a-dia. As pessoas tem uma tendencia a temer tudo o que é diferente, e sem lidar com essas medos nao mudam! Ora, não vamos estar à espera que a comunida hetero, normal e respeitadora de o primeiro passo pois não?

    Acho que por enquanto vou descartar os gays homofóbicos desta conversa...

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  3. Como deves ter sabido, eu estive nessa marcha. E pergunto-me será o bom caminho?

    A comunidade LGBT mostra-se ao Porto, mas não se mostra duma maneira qualquer. Há uma tentativa de chocar a cidade (e daí o nome "pride"), mas pergunto qual é a mensagem que eles passam?

    A mim parece-me, que a mensagem que se passa é: "deixem-nos ser diferentes, dexem-nos ser exuberantes" conotando a causa gay a uma causa de meia dúzia de indivíduos espanpanantes. E no meu entender isso é mau.

    Claro, eu estive lá, e vi imensa gente "normal", mas não é isso que marca (e sobretudo deveria ser exactamente isso: "nós estamos aqui, somos gays e iguais a vocês").

    É esta a minha humilde opinião. (Sou sincero, a visão dum homem com plumas não me é nada aprazível, nem duma mulher).

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  4. Meus meninos:

    SOU GAJA. 100% mulher. 100% heterossexual.

    E nesta matéria, na minha humilde opinião, há o 8 e o 80... há homossexuais que não se assumem, possivelmente por serem "mal resolvidos", por terem receio de alguma represália (todos sabemos que isso é uma realidade, infelizmente)ou por pura cobardia; depois há os homossexuais que não só se assumem como fazem questão de passear a sua escolha sexual com plumas e tudo o que têm direito (como disse o Dinis e muito bem).
    Não acho bem nem acho mal.
    Acho o amor ou lá o que é isso bonito, independentemente do sexo, raça, cor, idade, estatuto social ( e a lista goes on...).

    Tolero todas as diferenças... mas não tolero pessoas que não saibam viver com as diferenças dos outros (aqui refiro-me a muitos heterossexuais com quem já cheguei a discutir por causa disto). Mas, pelos vistos, também há quem não consiga lidar com a sua própria diferença...
    É a velha questão do "Se eu não gostar de mim, quem gostará?".


    No mínimo estranho, não?


    Post Scriptum:

    Caro "Pequeno João" (ehehe), prefere uma factura no final de cada comentário ou só no final do mês? (tive que me alongar no comentário... sempre é mais algum que entra... dinheiro, claro.)

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  5. Nisto os meios de comunicação social também têm culpa. Quando vos procuramos, procuramos o bizarro. Não o normal. O normal não provoca conversa. O normal dá sono e não vende. Ora, havendo umas alminhas jeitosas que querem mostrar todo o orgulho que são gays, e metem-se com plumas, maquilhadas e a darem valentes linguados para as cameras o que estavam à espera? São estas as imagens que passam e são estas imagens que distorcem mentalidades e repulsam mesmo quem seja mais liberal. É o tratamento pelo choque? Eu pelo menos não me revejo nesses comportamentos e please não me acusem de ser preconceituoso porque sou bem resolvido.

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  6. O Speedy tem razão; quando das marchas, as televisões e imprensa só procuram os travestis e drag queens, sem nunca procurar um casal de homens que se não estivesse ali, ninguém suporia como gay e inquiri-los sobre a razão da sua presença...
    Por sua vez, os travestis vão às marchas só para as poses e não porque são diferentes...
    A mundo GLBT tem de deixar de ser um guetto em que muitos tendem a torná-lo...

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  7. Basta olhar para os Morangos com Açúcar e ver como uma das personagens que creio ser gay está completamente estereotipada, com tiques, e é alvo deliberado de chacota entre os pares.

    Mas, mais uma vez, isto vende... Não vejo a série, mas bastou um zapping de 5 minutos para perceber o que aquelas alminhas dos guionistas pretendem.

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  8. Decididamnete a visão de um homem com plumas, tb não me entusiasma muito, mas há que respeitar! As marchas já tiveram muita razão de ser, mas na sua altura, hoje em dia e perdoem-me a expressão, mas reduziu-se a um "freakshow". Mas continuo a defender essa ideia de sair à rua como pessoas normais, iguais e tão diferentes, como outra pessoa qualquer. Até já houve uma marcha assim nos US of A, em que todos os participantes iam vestidos normalmente.

    Quanto aos media, eu até me recuso a falar. Mas, uma vez mais acho que só reflectem o que vai na cabeça das pessoas. E a comunidade LGBT pode e deve ajudar a mudar isso. Como tu dizes (e muito bem) Pinguim, acabar com o "ghetto".

    Quanto a cobranças:

    "SOU GAJA. 100% mulher. 100% heterossexual. "

    bem, isto estraga-me o esquema porque queria pagar em géneros:)

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  9. Existem por aí muitos sóis por nascer. Conheço alguns que por medo ou ignorância extrema se recusam afincadamente a sorrir aos dias que passam e a louvar pelos que ainda hão de vir. Existem muitos cobardes, de capas camufladas e gárgolas no lugar das cabeças, sem torções de expressão ou qualquer tipo de contra-petrificação que os amoleça e os faça mais reais.
    Existem desperdíçios de vida. Aqueles pobres de espírito que não são capazes de identificar um nenúfar no meio de um oceano. É tudo igual, tudo fácil, dizem eles.

    E não dizem nada porque não sabem nada nem são nada. Não querem ser nada porque sabem muitas vezes que ao serem qualquer coisa o seriam da forma mais cruel de todas.

    Existem pessoas más. Muito más. Que se elevam aos picos da arrogância cada vez que conseguem mais um segundo de espezinhamento, mais um único dia de sombras. Pessoas que não gostam do sol porque é quente, não gostam da chuva porque molha, não gostam do vento porque despenteia.

    Não gostam deles.
    Mas há que respeitar (todos diferentes, todos iguais right?).

    Não sei se o que disse faz sentido (talvez não), mas sinceramente não acho que seja numa marcha LGBT que vão conseguir a aceitação que merecem, quando tantos ainda não são capazes de assumir a sua própria identidade (não gosto de estereótipos nem de colocar as pessoas "in a box", mas acreditem que é complicado).

    Um dos meus melhores amigos está em perfeita harmonia com a sua identidade. Se o gostava de ver metido numa dessas marchas? Nem pensar! Se entendo a sua opção de vida? Talvez não! Mas se o aceito como é? Completamente.

    Acima de tudo somos todos pessoas.

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  10. Bem, acho que em deveria dedicar à pesca e deixar outras pessoas encaregues de blogs! Acho que falaste muito bem e sempre muito expressiva! Como já foi referido por "Tudo de mim, ou quase", há empre medo, covardia e não aceitação. Mas lá está, isso acontece orque há pouca aceitação pelos demais. Enfim, poderia mos entrar num ciclo vicioso e não chegar a grandes conclusões. Mas que fique claro, que não sou adepto das marchas! Simplesmente as referi para expor a ideia que para gritar "estamos aqui" ninguém quer saber, mas para o engate, nem se pensa duas vezes...

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